Em busca dos três filhos, mulher até já enviou carta a Dilma Roussef
O antigo álbum mostra os rostinhos de bebês que hoje, pelos cálculos da mãe
A doméstica, que vive no Pilar, em Caxias, se viu diante de um quebra-cabeças com poucas peças disponíveis: o certificadde batismo de um filho, a cópia do registro de outro e o primeiro nome da mãe que adotou Rosilene. Mesmo analfabeta, Renata conseguiu enviar uma carta à presidente Dilma Rousseff contando sua história. E recebeu uma resposta curta, porém animadora, na qual o gabinete da presidência encaminha a demanda ao Ministério da Justiça.
Desistir? Jamais!
A busca de Renata, porém, pode resvalar na jurisprudência da adoção.
— Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, o adotado tem o direito de conhecer sua origem ao completar a maioridade, mas a mãe biológica que concorda com a adoção não tem esse direito — explica a defensora pública Eufrásia Maria Souza das Virgens: — Mas, se a família que adotou tiver interesse, há alguma chance
Nada desanima Renata:
— Sou uma analfabeta que conseguiu escrever para a Dilma, você acha que vou desistir? Vou até o fim.
Na infância, abandono
Abandonada ainda na infância pelos pais, Renata teve a primeira gravidez aos 13 anos. Quando não conseguia dormir na casa de algum conhecido, de favor, dormia na rua. Não trabalhava e vivia da ajuda de algumas pessoas. Por isso, decidiu dar seu bebê para alguém que tivesse condições de criá-lo.
— Comecei a procurar alguém para dar minha filha, até que uma moça que me ajudava dando roupas disse que tinha encontrado uma mãe adotiva. Quando minha filha nasceu, eu a batizei de Rosilene, mas acho que a nova mãe deu o nome de Alessandra — diz Renata.
A relação entre mãe e bebê foi curta. Logo após o nascimento, a menina seguiu para os braços da mãe adotiva.
Anos mais tarde, Renata engravidou de Max Miller e, no ano seguinte, de Jhonata. A situação financeira ainda estava difícil, mas ela decidiu tentar criá-los. Porém, quando o mais velho fez 2 anos, quis dar a eles a oportunidade de ter uma vida melhor. E, assim, repetiu o gesto de entregá-los a outras famílias.
Renata nunca mais teve contato com os pais das crianças. Hoje, casada, a empregada doméstica mora com o marido e o filho deste casal: Marlon Pessanha, de 20 anos, que tem esperança de conhecer os irmãos.
— Desde pequeno vejo minha mãe lutando para encontrá-los — diz Marlon: — Gostaria muito de conhecer meus irmãos e vê-la, enfim, realizar seu maior sonho.